Finjo que arrumo meu guarda roupas, tento mostrar que ele está organizado, que só tenho as peças que realmente uso, que está tudo arrumadinho por ordem cromática, dependurado nos cabides, tudo separadinho, mas é mentira, porque não está. A quem eu estou tentando impressionar mesmo? A quem estou enganando?
Finjo que arrumo meu quarto, que abro a janela para arejar, que organizo meus perfumes, que jogo fora cadernos velhos e frascos vazios e guardo minhas jóias, mas é mentira, porque ele não está. A quem eu estou tentando impressionar mesmo? A quem estou enganando?
Finjo que arrumo o coração, que está tudo bem, que está tudo em ordem, sem bagunças e sem tralhas, mas é mentira!
Ocupar espaço com coisa velha não dá! Tem tanta coisa nova por aí, tantos sentimentos e emoções querendo entrar. Deve ser feita uma faxina, no guarda roupas, no quarto, no coração e na alma.
Aquela blusa que está apertada, aquele sapato que não serve e aquele livro que já li, podem ir para doação, existem muitas pessoas que precisarão mais delas do que você. Como também não adianta guardar pessoas no coração, enquanto não era pra elas realmente estarem ali.
Aquela poeira que você varria sempre para de baixo do tapete. A poeira que você anda escondendo só serve para te dar alergias. Como também não adianta esconder nos cantos do coração a poeirinha da raiva.
Jogue fora os frascos vazios, eles não lhe servem para nada, a não ser para ocupar espaço de frascos cheios. Deixe pessoas novas abrigar seu coração, elas são como perfume, perfumam o ambiente e alegram a alma.
Fingir fazer uma faxina não é bom, você sempre continuará na mesma mesmice, com as coisas velhas, as roupas apertadas, e os cacos espalhados. De fato, é doloroso se desfazer de algo que por algum momento fez parte de nossas vidas, que de algum modo se hospedou em nossos corações, mas faz se faz necessário, e essa é, concerteza, a melhor opção a ser tomada.
Tem tanta gente por aí querendo entrar, deixe-as entrar, na vida, no quarto e no coração.
(Juscélia Maruti Milagres)
