terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Gotas de palavras

"Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance."


(Luís Fernando Veríssimo)

domingo, 1 de dezembro de 2013

Buraco


Não tem mais bagunça na sala e nem sua meia soltando pelinhos pretos que parecem terra. Hoje vou conseguir me esparramar bastante na cama e dormir, dormir, dormir. Vou poder ver coisas leves na televisão e não passar mais mal com seus jornais cheios de desgraça. Não tem mais você me fazendo comer o doce com licorzinho.
Sobrou um buraco triste entre o sofá e a planta. Não tem mais seu secador de cabelo que me fazia sorrir como só as pessoas que sentem muita paz conseguem. E você pra contar mais umas das 500 histórias que me fizeram, pela primeira vez, não querer ocupar a vergonha de gostar com minha voz. Não tem sua euforia, a cordinha da alegria na qual você se agarra porque tem medo do que passa abaixo dos seus pés. Não tem mais seus olhos arregalados além do susto, me pedindo que a gente se divirta, que a gente conisga porque, afinal, a vida não anda das mais fáceis pra você e você, sempre como um touro, tenta e consegue tudo. Olhos tão arregalados pra devorar, como um predador, pra se dar, pra correr atrás do que mata tanto desejo, pra conquistar o mundo com uma força que me faz ficar horas te olhando quase sem ar. Mas um pouco cego pra momentos cruciais de delicadeza e interpretação. Os vencedores são mesmo um pouco egoístas e apesar de você ter me visto tanto e feito tanto e sido mais do que tanta gente que tentou bastante, é claro que a luz principal você deve guardar para o seu caminho que eu tenho certeza que será maravilhoso. Olhar com amor requer um tempo que pessoas de passagem não podem e não devem ter e eu, em vão, tentei ser aquele maluco da platéia que agarrou o corredor rumo ao pódio solitário.
Você está certo em exibir ao mundo tantos dentes e tão brancos. Eu é que estou errada quando paro um pouquinho para olhar com tristeza esses sustos do amor. Não tem mais você tirando sarro quando eu não aguentava a dor no peito e te dizia no escuro que era mais ou menos amor mesmo. Porque era. Porque é. Se você soubesse o estado que estou agora, zumbi, pegando detalhes seus por aqui, e doendo tanto que nem sei mais por onde começar. Eu não aguento mais começar. Queria tanto continuar. Não sei, não aguento mais, ainda não posso, mas queria continuar.
Alguma coisa deu errado em mim, eu não sei te explicar e eu não sei como arrumar e nem sei se tem ajuda pra isso. Mas meu corpo inteiro se revolta quando gosto de alguém. Me armo inteira pra correr pra bem longe e lutar com unhas gigantes quem tenta impedir. Me mata constatar como é ridículo ficar com saudade só de você ir tomar banho. Ter que sentir ciúme ou mágoa ou solidão e sorrir para não ser louca. Eu sinto de um tamanho que eu não tenho e então começo a adoecer, como sempre. Eu não sou louca, eu só tenho pele pra proteger e quando você toca em mim eu sinto seus dedos e olhos e salivas deslizando por todos os meus órgãos. E você não precisa entender o medo que isso dá, mas talvez um dia possa ter carinho.
Ao final sobro eu aqui, nem doar sangue eu posso porque não tenho tamanho, com medo das horas, dos sons dos meus ossos. Se você pudesse ver agora, tão pequena, tão desesperada, tão apaixonada, você me diria tantas coisas horríveis de novo? Se você visse como flutuo pela casa sem conseguir pisar no chão porque dói demais você não estar aqui, você diria novamente que eu peso demais?
Me perdoe pelos meus mil anos à frente dos nossos segundos e pela saudade melancólica que eu senti o tempo todo mesmo sendo nossos primeiros momentos. Pelo retesamento na hora de entregar. Pela maneira como eu grito e culpo quem tiver perto por uma angustia que sempre foi e será só minha e que eu sempre suporto mas quando sinto amor fico achando que posso distribuí-la um pouco, mesmo sabendo que é fatal. Me desculpe por eu ter querido tanto ficar bonita e perfeita e só ter conseguido olheiras e ossos. Me perdoe pelas vezes que de tanto querer leveza acabei pesando a mão. De tanto querer sentir, pensei sobre como estava sentindo, e perdi o sentimento. Ou senti sem pensar e isso pra mim é como meus medos das drogas e então precisei roubar a chave do carro do seu bolso pra me proteger de não olhar mais uma vez você e nunca mais voltar pra casa. Minha maior dor é não saber fazer a única coisa que me interessa no mundo que é amar alguém. Me perdoa por eu querer de uma forma tão intensa tocar em você que te maltrato. Minha mão acostumada com um mundo de chatices e coisas feias fica tão gigante quando pode tocar algo lindo e puro como você, que sufoca, esmaga, estraçalha. Me perdoe pela loucura que é algo tão pequeno precisando de amor e ao mesmo tempo algo tão grande que expulsa o amor o tempo todo. Eu sou uma sanfona de esperança. Eu tenho estria na alma.
Enfim. Cansei de pedir desculpa por quem eu sou. Cansei de ouvir de todo mundo como é que se trabalha, se ama, se permanece, se constrói. Eu tentei como todas as forças amar você e agora sofro com todas as forças pelo buraco que ficou entre o sofá e a planta e o meu coração. Você vai embora e eu vou voltar para as minhas manhãs com o iogurte que eu odeio mas que é a única coisa que passa pela garganta quando o dia tem que começar. Vou voltar para aqueles e-mails chatos de pessoas que eu odeio mas que pagam esse apartamento sem você. E ficar me perguntando de novo para quem mesmo eu tenho que ser porque só tem graça ser para alguém. E que se foda o amor próprio.
Você me disse e me olhou de formas terríveis mas o que sobrou colado em cada parte do dia e de mim é a maneira como você sorri levantando que nem criança o lábio superior direito e como eu gosto de você por isso e por tudo e mesmo quando é ruim e sempre quando é incrível e ainda e muito e por um bom tempo.

(Tati Bernardi)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Gotas de palavras

"Sofremos tanto pelo tão pouco que não temos, que gozamos pouco da imensidão daquilo que possuímos."


"William Shakespeare"

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Amor epidérmico


Seus pais foram jantar fora e deixaram o apartamento só para você, seu namorado e a tevê a cabo. Que inconsequentes! Em menos de um minuto vocês deixaram a televisão falando sozinha e vão ensaiar umas cenas de amor no quartinho dos fundos. De repente, escutam o barulho da fechadura. Seu pai esqueceu o talão de cheques. Passos no corredor. Antes que você localize sua camiseta, sua mãe se materializa na porta. Parece que ela está brincando de estátua, mas não resta dúvida que entrou em estado de choque. Você diz o que? Mãe, a carne é fraca.
A desculpa é esfarrapada mas é legítima. Nada é mais vulnerável que nosso desejo. Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá empate. A pele sempre ganha de W. O..
Você planeja terminar um relacionamento. Chegou a conclusão que não quer mais ter a seu lado uma pessoa distante, que não leva nada a sério, que vive contando piadinhas preconceituosas e que não parece estar muito apaixonado. Por que levar a história adiante? Melhor terminar tudo hoje mesmo. Marca um encontro. Ele chega no horário, você também. Começam a conversar. Você engata o assunto. Para sua surpresa, ele ficou triste. Não quer se separar de você. E para provar, segura seu rosto com as duas mãos e tasca-lhe um beijo. Danou-se.
Onde foram parar as teorias, os diálogos que você planejou, a decisão que parecia irrevogável? Tomaram Doril. Você agora está sob os efeitos do cheiro dele, está rendida ao gosto dele, está ligada a ele pela derme e epiderme. A gravação do seu celular informa: Seus neurônios estão fora da área de cobertura ou desligados.
Isso nunca aconteceu com você? Reluto entre dar-lhe os parabéns ou os pêsames. Por um lado, é ótimo ter controle absoluto de todas as suas ações e reações, ter força suficiente para resistir ao próprio desejo. Por outro lado, como é bom dar folga ao nosso raciocínio e deixar-se seduzir, sem ficar calculando perdas e danos, apenas dando-se ao luxo de viver o seu da de Pigmaleão.
A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. Tente, ao menos de vez em quando, ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações. Se conseguir, bravo: terá as rédeas do seu destino na mão. Mas se não der certo, console-se. Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. Alguma recompensa há de ter.

(Martha Medeiros)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Gotas de palavras

"E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado."


(Tati Bernardi)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A estrada para o sucesso


A estrada para o sucesso não é uma reta. há uma curva chamada fracasso,
um trevo chamado confusão, um quebra molas chamado amigos, faróis de advertência chamados de família e pneus furados chamados de empregos. Mas... Se você tiver um estepe chamado determinação, um motor chamado perseverança, um seguro chamado fé e um motorista chamado Deus, você chegará a um lugar chamado sucesso!!!

(Pe. Marcelo Rossi)

sábado, 7 de setembro de 2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Epitáfio (Música)




Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos,
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr.


 Compositor: Sérgio Britto

sábado, 17 de agosto de 2013

Gotas de palavras

"Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença e até da ausência consentida."


(Martha Medeiros)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A fita métrica do amor


Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme para você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeita, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.
Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: Será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: As pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros ou metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

(Martha Medeiros)

terça-feira, 2 de julho de 2013

Gotas de palavras

"Jogue fora todos os números não essenciais para a tua sobrevivência, isto inclui: idade, peso, altura e tamanho do pé."


(Pe. Marcelo Rossi)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O medo do Amor



Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos da temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.
O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.
E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vida do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.
Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.
Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos cham, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é possível recusá-lo.

(Martha Medeiros)

domingo, 23 de junho de 2013

A Bela e o Burro


Ontem depois que você foi embora confesso que fiquei triste como sempre. Mas, pela primeira vez, triste por você. Fico me perguntando que outra mulher ouviria os maiores absurdos como você, um homem de 32 anos, planejar ir a uma matinê brega com gente sem assunto no próximo domingo e, ainda assim, não deixar de olhar pra você e ver um homem maravilhoso.
Que outra mulher te veria além da sua casca? Você não entende que eu baixei a música "Midnight Cowboy" e umas boas do Talking Heads, Vinícus de Morais e do Smiths porque achei divertido te fazer uma massa ouvindo algumas músicas que dão vontade de viver. Uma massa que você não vai comer porque está perdendo o paladar para o que a vida tem de verdadeiro e bom. É tanta comida estragada, plastificada e sem sal, que você está perdendo o paladar para mulheres como eu. E você não sabe como vale a pena gostar de alguém e acordar na casa dessa pessoa e tomar suco de manga lendo notícias malucas no jornal como o cara que acha que é vampiro. Tudo sem vírgula mesmo e, nem por isso, desequilibrado ou antes da hora.
Você não sabe como é infinitamente melhor do que acordar com essa ressaca de coisas erradas e vazias. Ou sozinho e desesperado para que algum amigo reafirme que seu dia valerá a pena. Ou com alguma garotinha boba que vai namorar sua casca. A casca que você também odeia e usa justamente para testar as pessoas "quem gostar de mim não serve pra mim".
E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida.
E você me olha com essa carinha banal de "me espera só mais um pouquinho". Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta. Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem.
Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso.
Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim. Sabe o quê? Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou pra me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto. Bastante assunto.
Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba. Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos.
Também sou convidada para essas festinhas com gente "wanna be" que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado.

(Tati Bernardi)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

De janeiro a janeiro (Música)


Não consigo olhar no fundo dos seus olhos,
E enxergar as coisas que me deixam no ar, deixam no ar,
As várias fases, estações que me levam com o vento,
E o pensamento bem devagar...

Outra vez, eu tive que fugir,
Eu tive que correr, pra não me entregar
As loucuras que me levam até você
Me fazem esquecer, que eu não posso chorar

Olhe bem no fundo dos meus olhos
E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar
O universo conspira a nosso favor
A consequência do destino é o amor, pra sempre vou te amar

Mas talvez, você não entenda
Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor, não será passageiro
Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar
Até o mundo acabar
Até o mundo acabar
Até o mundo acabar

Mas talvez, você não entenda
Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor, não será passageiro
Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar
Até o mundo acabar
Até o mundo acabar
Até o mundo acabar


Composição: Roberta Campos


sábado, 1 de junho de 2013

A rinite me pegou!!!


Metade do ano já se passou, e da noite também. São quase quatro da madrugada, e seu sono vem em pedacinhos miúdos e quebradiços. Está frio e seus olhos estão inchados, lacrimejantes e avermelhados, justificados pela insônia que insiste em deitar em sua cama, e na esperança de conseguir dormir ao menos este resto de noite, você pega a matéria de cálculo II que terá prova daqui a duas semanas para já ir estudando, já que cálculo II são as últimas aulas das sextas-feiras a noite e que consegue fazer com que todos os alunos entrem em estado de bocejamento profundo e dormência, mas as tentativas de fazerem com que as horas passem ou simplesmente adormecer sobre seus livros, são em vão.
E você se pega sentada aí na cama, em meio a livros e papéis, sem estudar diferencial e integral e sem dormir, apenas olhando para aquela parede branca sonsa, que está a sua frente, feito uma estátua, ou simplesmente como boba mesmo. Quem te olha desta maneira, tem a impressão de que você está dormindo de olhos arregalados ou que te lançaram um feitiço.
Amanhece. No despertador já são quinze para as sete, e para não ter que ir trabalhar com cara de zumbi, você toma um banho bem gelado e lava bem o seu rosto. No trabalho, é simpática com todos os clientes, mesmo com seu coração inundado de tristeza, e a sua vontade é de não estar ali, vontade de ir no trabalho dele, entrar de sopetão na sala onde estão várias pessoas que você nunca viu na vida, e gritar com toda sua força que o ama, que a distância entre vocês torna sua vida sem sal, vontade de dizer a ele que o quer por perto, e que as cinco quadras que separam as casas de vocês são cinco quadras imensas e que às vezes, tem a impressão de que você mora no Brasil e ele no Japão, vontade de dizer que a luz do olhar dele te faz querer ser uma pessoa cada vez melhor, dizer que a doce voz dele sussurando está gravada em seu ouvido e que ele é extremamente sexy quando acorda de manhã e te serve o café da manhã que ele mesmo preparou.
E derepente seu chefe chega pedindo um relatório, questiona sua aparência hepática, e você sorri, forçadamente, e justifica dizendo que é a rinite alérgica que te atacara esta noite, mas logo estará melhor.
Aaah... Rinite, rinite, rinite... Rinite de mãos fortes e um sorriso maravilhoso.

(Juscélia Maruti Milagres)

domingo, 5 de maio de 2013

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Coração de criança


Tenho um coração de criança, puro, inocente e brincalhão, que gosta de dançar e cantarolar o dia inteiro, que gosta de pular corda e amarelinha, brincar de pique-esconde e pega-pega, que vive escondendo em baixo da mesa, que gosta de sair correndo por todos os cantos da casa, que gosta de fazer bolhas de sabão e ficar olhando elas estourarem.

Tenho um coração de criança, curioso e inquieto, que de tudo quer saber, saber o porque de tudo, mas para tudo tem resposta, tudo quer entender e que não se contenta com pouco.

Tenho um coração de criança, que faz coisa errada por que não sabe o que é errado, por que ainda não aprendeu, ninguém ensinou, não teve ainda experiência parecida, mas que aos poucos vai aprendendo, e logo já não comete os mesmos erros.

Tenho um coração de criança, que magôa com um simples olhar e destroça em mil pedaços ao escutar uma voz áspera, e que tem como reação, correr para o quarto, esconder atrás da porta e apenas chorar, chorar, chorar,... E depois que tudo passa, seca as lágrimas, lava o rosto e sorri,... Sorri como se nada tivesse acontecido, como se o que aconteceu foi um pesadelo ou talvez um filme de terror assistido altas horas da noite, e que passou.

Tenho um coração de criança, birrento e pirracento, que bate o pé e chora de espernear quando quer algo, grita, briga, sacode, para conseguir o que se tem em mente, já quando é contrariado, emburra num canto , faz tromba de elefante, e transpassa pelos olhos toda a raiva acumulada.

Tenho um coração de criança, que se alegra fácil, com um simples gesto, um abraço apertado, um beijo estalado ou uma surpresa, além de não se importar em dividir o que tem, desde o chocolate que papai comprou até os brinquedos prediletos que ganhara no natal.

Tenho um coração de criança, que não sente preconceito, e as únicas diferenças que vê nas pessoas é que umas são mais altas e outras mais baixas, e que seus traços característicos são cativantes.

Tenho um coração de criança, sonhador, que espera um futuro próspero e feliz, e nele imagina que todas as pessoas a quem ama, estejam lá para reerguer nas derrotas e vibrar nas vitórias.

Tenho um coração de criança, que faz amizade fácil, pois é doce e gentil, que gosta de gente, gente que sorri com os olhos e envolve com um sorriso.

Tenho um coração de criança, que se apaixona pelo improvável, gosta do difícil e é fascinado pelo impossível, mas que vê um lado bom em tudo, e que acredita que um dia ninguém mais vai guerrear contra outras nações, contra o seu vizinho, ou contra si mesmo.

Tenho um coração de criança, que insiste no errado, ama a dificuldade e não aceita não como resposta, tímido e em contrapartida é inxirido, apaixonado por opção e deslumbrado pela vida, mas apesar de possuir um coração de criança, faço parte do mundo dos adultos, e o engraçado é que quando eu era criança, sonhava em ser "gente grande", e hoje que sou "gente grande" e queria voltar a ser criança, pois os joelhos ralados, curam bem mais rápido do que os tropeços que meu coração de criança anda levando.

(Juscélia Maruti Milagres)

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Carta extraviada



Não sei por onde começar essa carta que já nasce atrasada, pensamos sempre que temos muito a dizer mas as palavras são pouco amistosas, onde encontrá-las agora, às três e dez de uma madrugada em que me encontro insone e pensando mais uma vez em você? Você esperou por estas palavras por muitos meses, na esperança de que elas aliviariam a dor do seu coração, mas elas não vieram porque estavam ocupadas vigiando meus impulsos, me impedindo de me abrir, e minha própria dor lhe pareceu desatenção, eu que não durmo de tanta paixão, congestionada, de tanto desejo represado, de tão só que estou.
Meus motivos sempre lhe pareceram egoístas, e se eu lhe disser que o descaso aparente foi na verdade uma atitude consciente para preservar você, me chamarás de altruísta e não sairemos do mesmo lugar.
Eu errei por não permitir que você me ofereceu seu afeto, eu errei ao sobre valorizar um risco imaginário, eu errei por achar que existem amores menores e maiores, avaliados pelo tempo investido, pela contagem dos beijos, pelas ausências sentidas, por tudo isto fui conduzido a um erro de cálculo.
Não te peço nada além de compreensão, e esta carta nem era para pedir, mas para doar, eu que sempre me achei bom nessas coisas, o voluntário da paz, o boa-gente oficial da minha turma. Mas peço: Lembre de mim como alguém que alcançou a mesma medida do seu sentimento, a mesma profundidade das suas dúvidas, o mesmo embaraço diante da novidade, o mesmo cansaço da luta, a mesma saudade.
A carta vem tarde e redigida com palavras covardes, as corajosas repousam pois se imaginam já ditas e escritas, valentes foram as palavras do início, as desbravadoras, as que ultrapassaram limites, quando nós dois ainda não sabíamos do que elas eram capazes, palavras audazes, febris.
Pela enormidade de tempo que temos pela frente em que não nos veremos mais, não nos tocaremos ou ouviremos a voz um do outro, pela quantidade de dias em que conduzirás tua vida longe de mim e eu de ti, pela imensidão das nos descrença, pela perseverança da nossa solidão, pelos nãos todos que te falei, pelo pouco que houve de sim, acredita: Te amei além do possível, não te amei menos que a mim.

(Martha Medeiros)